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quinta-feira, 13 de julho de 2017

...

Estamos no meio de uma conversa
no meio de uma promessa
de um não se sabe o quê nem pra quando
No meio do trânsito
do corredor do hospital
do prato na mesa do restaurante

Estamos à dois feito cães
correndo pelas ruas,.nos pegando
Sentados no banco da igreja
assistindo a missa das seis
Estamos nús no chuveiro
no banco do carro
deitados na calçada
Estamos no meio do ano
no meio do frio
no meio de julho
No meio de julho nós estamos!!
Estamos no meio de tudo
indo a lugar nenhum
regina ragazzi

terça-feira, 30 de maio de 2017

...


Desfio por horas a fio
O rosário, o novelo, o meu cabelo
Desfio ao fio da navalha
Ao frio do mês de maio
O fio por um fio estendido
na palma da minha mão
regina ragazzi

domingo, 28 de maio de 2017

....

...eu mesmo me pego rude  às vezes
desamarrando os  pés dos sapatos
correndo acelerado atrás da minha sombra
com um já planejado golpe certeiro
Me confundo todo, me enfureço ao ver
que ela é mais sábia que eu
atiro pedra em poça,
descasco  tinta da parede ,
grito todos os "impropérios"
me descabelo
e nada...
...eu mesmo me pego dócil às vezes
acariciando a cria que sou
alimentando o sol todos os dias
e  ela me olhando azul da janela
...eu mesmo me pego às vezes
partido ao meio sem saber à que lado pendo
e durmo
e acordo
na dúvida se sou um ou dois de mim...

regina ragazzi

...

O "fazer sentido" quase não cabe em mim...
A árvore de outono me fisgou os olhos
e eu queria, queria escrever uma poesia pra ela,
pra dizer do seu tronco esbelto, dos seus galhos rijos
e da sua quase nudez de folhas
Ela é linda, e coube sim dentro dos meus olhos
assim, de me fazer esquecer o dia, minhas poucas horas
de refazer outras paisagens na retina.
Ela me coube como eu mesmo me caibo quando me olho no espelho e perco horas redescobrindo sementes dentro de mim pra florescer na próxima estação.
Ela é linda, no alto daquele morro envolta de azul  a se despedir do dia.
A árvores me valeu a poesia...


regina ragazzi

Acabou-se o que era doce

A árvore foi cortada. Não sabiam, nem os passarinhos nem  as maritacas.Não foram avisados de que perderiam galho de pouso e almoço.

A árvore foi cortada sem pedir licença à natureza por causa de uma briga quase de foice.
Nela, se deitava uma rama de maracujá que ia lhe tomando conta.
Bem verdade que tb se enchia de ervas daninhas. Não era cuidada, estava apenas ali onde escolheu de nascer.
A árvore foi mutilada. Só sobrou um toco , e nesse toco amanheceu hoje um passarinho...

regina ragazzi

Cotidiano

Ela sempre canta.Seja na cozinha preparando o café da manhã, ou no tanque esfregando as roupas sujas.
É bonito de ver como dobra o corpo e estende, 

os braços até o balde, separa peça por peça e pendura no varal.
Ela faz isso com delicadeza, sem pressa de acabar.
É bonito de ver depois,  o vento balançando o varal, e o efeito colorido e perfumado se espalhando no ar.
É bonito de vê- lá voltar à cozinha, pegar uma xícara, despejar o café quentinho e cheiroso e toma-lo devagar, aos goles, sentada na cadeira, correndo os olhos lá fora no varal, nas roupas, percebendo o vento, sentido o perfume entrando e se misturando ao cheiro do café.
Ela sorri satisfeita.
É bonito de ver como se levanta da cadeira, e vai até a pia em  passo leve , curto, mas firmes ao chão, abrir a torneira e mergulhar a xícara.
Por um instante seus olhos se perdem ali, naquela água se derramando.Talvez uma antiga lembrança... Mas é só por um instante. Ela logo retorna  a função, agora com outra canção enquanto deposita a xícara na pedra fria da pia.

Ela hoje é a minha poesia.


regina ragazzi

quarta-feira, 17 de maio de 2017

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

...

oitenta e oito
martela no meu peito
qual a probabilidade de se chegar aos 90
e quem sabe, mais um pouco
oitenta e oito
me treme no peito
me dói a alma
me vira do avesso
é tanta estrada
é tanto tempo

queria saber lidar com isso..

regina ragazzi

...

Pqppppp que cagaçooo.merdaaa!!!
Só faltava essa pra completar o dia
( que agora já foi ontem, quase hoje)
Fui eu tomar banho. Entro no banheiro, tranco a porta e...
Tharãmmm! Quem adivinhar ganha um doce.
Olho pra parede, bem na quina do batente da porta( reparou que eu to prá quina hoje?)Segunda vez que eu escrevo essa azarenta) . Pois bem, o quê,
aliás, quem eu vejo?? Uma filha da puta de uma barata voadora.
Pqppppp de novo!!
Corri o olho em volta atrás de uma vassoura. Cadê a vassoura?? Não tem vassoura. Não posso abrir a porta porque ela tá lá. 
To presa dentro do banheiro. Que desespero!
O SBP!! Olho pro basculante. Ta lá.
Não é que o troço não funciona . Aperto, viro pra cá, viro prâ lá e nada. Aí, que vontade de chorar. Eu ODEIO barata.
Não tem jeito. Grito o marido- traz uma vassoura, abre a porta devagar...Como ele vai abrir se tá trancada? 
Aí meu Deus, tenho que destrancar a fechadura.
E a coragem, onde vou arrumar?
Respirei fundo e fui pé ante pé, de olho na danada.
Com muito cuidado estiquei o braço e devagarinho
virei a chave. Ela ficou lá paradinha.
Corri pro cantinho da parede do outro lado.
Ele abriu a porta e da-lhe vassourada! A filha da puta caiu no chão ainda viva tentando se safar.
Não é que o marido pegou o SBP e apertou uma vezinha só
e funcionou!
Affff
cê num tá entendendo. Eu tenho pavor dessa criatura nojenta, voadora aínda por cima.
Tá certo, eu sei que é a segunda vez que eu falo dela.
Mas gente, eu tinha que falar.Eu tinha.
Espero que seja a última.
Vou mandar dedetizar minha casa.
Bom, agora dá liçenca que eu vou finalmente tomar meu banho.
Mas eu tô de olho!!
Boa noite!

filosofando...

penso
(e)
logo
desisto

regina ragazzi

domingo, 19 de fevereiro de 2017

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

...
Sim, eu beijo a santinha na cabeceira da cama todo dia quando acordo, quando me deito e quando saio de casa.Peço a ela proteção. Peço calada, mas sei que ela me ouve. Crença, vícío, mania, loucura. Seja lá o que for, sinto que me alivia, que torna mais leve o passo que dou.
Sou ruim prá reza. Um pai-nosso, uma ave-maria, e um agradecimento por mais um dia vivido. Sempre assim.
Antigamente era diferente. Uma conversa informal com Deus toda noite. Ele me ouvia e falava comigo. Depois, (houve um tempo), que parei de falar com ele. E joguei em seus ombros o peso das coisas que eu não conseguia carregar nos meus. Eu o culpei pelos avessos que vivi, pelo que ele me tirou, sem considerar o que ele me deu depois. Eu não queria uma troca, queria mais e mais. Sempre mais.
Demorei para amadurecer e perceber o tamanho do meu egoísmo,
da minha falta de humildade, de entender que o mundo era bem maior que o meu espaço.
Foi um tempo difícil. Nunca me senti tão só, tão desamparada.
Mas o tempo passa e cicatriza nossas feridas.
Tudo agora é passado. E passado passou.
Eu beijo o crucifixo pregado na parede do quarto.
Exagero!? Não sei.
regina ragazzi

domingo, 5 de fevereiro de 2017

...

..
Não sei escrever poemas de amor. Isto é fato. Não porque não o sinta, mas porque acho difícil falar sobre algo que prá mim é todo sentimento e não palavra.
Sempre me acho pequeno e incapaz de dizer sobre o amor o tamanho exato do que vai no meu peito.
E quanto maior o sentimento mais me foge o verso. Não elucido.
Admiro quem com as letras consegue defini-lo, poetisa-lo.
Amor é sim poesia, mas em mim acontece só por dentro.
Até já tentei algumas vezes, poucas tive sucesso no quesito sinceridade,. Eles vinham floreados de palavras escolhidas entre as mais belas de efeito arrebatador.Mas era só.
Amor é esse dia-a-dia. Conversa de dois, de três, de dez, à medida que cresce a família, o rol dos poucos amigos, e daqueles que de alguma forma nos toca o coração.
Poemas, não os faço, mas estão guardados em cada canto da casa que habito e andam de par comigo no desenrolar dos meus dias.
.regina ragazzi

sábado, 4 de fevereiro de 2017

finda o janeiro e só agora me dou conta
os dias têm sido tão iguais, na vida, nos jornais.
a gente espera uma nova notícia, e ela não vem
o reality show continua no ar, dentro e fora da tv.

o vizinho fuma o mesmo cigarro à 50 anos
e meu pai tenta repetir aquela antiga frase que eu ouvia sempre quando criança"dias melhores virão" mas já não há tanta convicção na voz dele.
as promessas de final do ano já estão esquecidas e o que importa agora é vestir a fantasia para desfilar no carnaval( agora sem data)
janeiro finda e a mesma chuva arrasta a cidade de pedra (haja coração!)
e a gente se agarra num fio de esperança cada vez mais fino
janeiro finda e faz tanto frio!!


regina ragazzi

sentimentalismo...

esse trem que apita ao longe tem história.
eu desconheço as histórias que ele tem. Nunca andei de trem.
só em sonho,  quando ele passa eu me vejo dentro e vou...
viagem rápida que dura o tempo do apito se perder distante, e eu novamente me encontrar no mesmo quarto( estação mais próxima da minha partida e da minha chegada)

só sei que ele mexe comigo toda vez que passa, 
toda vez que apita.
ele mexe  com alguma coisa lá dentro de mim,
mexe com as minhas memórias,
com as minhas saudades.
ele arranca de mim o que guardo e nem sei o quê,
nem sei de quando,
de que tempo, de que vida vivi

esse trem me guarda um segredo que se arrasta anos à fio.
sempre me agonia quando ele dá sinal que está vindo. 
mas é uma agonia boa, já nem sei viver sem ela.
eu vivo nessa passagem uns segundos de mim, 
daquela parte que não me sei.

aquele apito é quase música de ninar minha noite, de preparar o meu sono. 
um pré sonho para o caso de eu não sonhar.


aquele trem, velho e pesado tem um quê que eu não sei dizer, uma interrogação que não sei explicar...
ele me arrebata.
desconheço a sua história...

regina ragazzi

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

clareamento...


ousa o clareamento
sair de ser pequeno
(estado de não ser..)
de um jeito de não crescer
de caminhar sobre outros passos,
oculto de seus próprios pés
criar-se sobre espelhos alheios
alheio à suas vontades,
oculto à sua face

ousa esclarecer
em algum momento desamarrar-se
e levantar voo com suas próprias asas
fazer-se ver pleno de si mesmo
sem muletas de apoio
sem o medo do erro
não haverá um depois...
ilusão??

regina ragazzi

apenas sobre uma menina...

Logo que ela me viu veio contar a novidade
-vou ser bisa! 
O sorriso largo na boca esperava de mim outro sorriso largo
Não sei se dei. Sei que fiquei desconcertada e senti um desconforto enorme com aquela situação.
Tentei ser amistosa, mas minha lingua travava e tudo que consegui dizer foi "ah, que legal!
Não, Definitivamente não era nada legal.

Eu gostava daquela menina, e desejava que ela tivesse sorte na vida. Mais que a mãe, mais que a própria avó.
Faz tempo que não a vejo( só soube dá notícia)
Me lembro de um corpo longo e esmirrado, cabelo alvoroçado e uns olhos verdes de gata.
( Podem  ter sido esses olhos culpados de tudo!?)
A mais velha das três netas, tinha consigo uma espécie de
comprometimento obrigatório de olhar pelos irmãos.
E ela fazia isso, do jeito que lhe permitia seus 8 , 9 anos.
Mas o tempo passou e ela quinzenou com um bebê na barriga
Fiquei triste, senti uma decepção que não me cabia uma vez que não me diz respeito.
Mas fiquei porque pensei nas outras tantas meninas que assim como ela
deixaram de brincar de boneca mais cedo que deveriam. Ou melhor, deram vida às suas bonecas de plástico, de pano...e mudaram com isso as suas próprias vidas
Entendo a alegria da bisa. Ela também teve filhos bem jovem.
E lá fundo,  creio que ela também sentiu uma pontadinha de tristeza.
(A gente sempre deseja o melhor prá os nossos filhos, nossos netos...)
Mas, o que está feito está feito.
Acontece. Coisas da vida.
Agora é cuidar e continuar desejando sorte sempre prá ela e prá filha que ela vai ter.

 regina ragazzi




sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

...

sou dos contrários
dos confusos
dos que não se encaixam
olhar de paisagem
prá me safar do esquema
da dor nos meus olhos
da secura na minha boca

tenho medo dessa arma
que bombeia na ponta da minha língua
e da faca afiada entre meus dedos trêmulos
tenho medo dos meus pés do lado de fora da porta
e do buraco que cavei prá o tombo

mas meu medo não é menor que dos outros
há entre nós um abismo, um poço sem fundo,
um buraco bem maior 
um buraco do tamanho do mundo

regina ragazzi

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

No espelho não me vejo
Vejo o crucifixo
Cristo de braços abertos
Esperando um abraço meu
Mas tenho vergonha de chegar mais perto
Tenho medo desses olhos tão doces, 
tão tristes, 
tão misericordiosos
Porque esse olhar me entra como um punhal no peito
Sou réu inconfesso
Dos pecados que ele não cometeu
De todos os cometidos pecados meus


regina ragazzi
um canto pássaro
um pássaro-chuva
um canto raro que se dissipa
num céu que estr(E)la

regina ragazzi

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

...

A madrugada se acende dentro do quarto
Às duas, às três, às quatro!?
O travesseiro ao lado, quase virgem, está gelado
E tudo em volta em completo mutismo
O chão
O teto
Os móveis
A porta fechada e o crucifixo
O vidro da janela escurecido
Ou os olhos cegos
Ou fechados
Ou já mortos??

Um pio.
Um canto repentino.
Um alívio...

Entra pelas frestas o mundo lá de fora


regina ragazzi

domingo, 1 de janeiro de 2017

Planos, promessas, coisa e tal...


Depois de tantos planos e promessas para o novo ano, bom mesmo é saber que nada mudou, que nada vai mudar só porque é dia primeiro, só porque é janeiro, só porque mudou o ano.
Bom saber que as coisas da gente continuam no mesmo lugar de antes,
que a vida da gente segue adiante, a nossa rotina, nosso cotidiano.
Ninguém consegue mudar a vida num passe de mágica. E é isso que esperamos que aconteça quando fazemos aquela lista enorrmee de coisas que dizemos que vamos colocar em prática, e definitivamente, não executamos nem um terço do que planejamos.
Isso é bom.
Porque mudanças podem ocorrer o tempo inteiro, nossos desejos podem mudar, nossas prioridades podem mudar, aquilo que pensamos que vai melhorar a nossa vida pode não fazer tanta diferença quanto esperamos.
Mudanças são válidas no correr dos dias, de acordo com as necessidades que vão surgindo, com as oportunidades que encontramos pela frente, os desafios que temos que enfrentar, as dificuldades que temos que superar.

Viver um dia de cada vez, e fazer com que ele seja o melhor, o mais produtivo, realizando pequenas coisas que vão se somando e tornando possível a realização de um sonho, de um projeto,de uma conquista.

Só me vejo possível desse jeito.
Querer, quero muita coisa,mas prometer, não prometo nada.
Aliás essa palavra"promessa" não me cabe.
Mas este é outro assunto...